Astrocaryum vulgare Mart. Hist. Nat. Palm.

Nascimento, Roberto dos Santos & de Andrade, Ivanilza Moreira, 2017, Arecaceae Bercht. & J. Presl. no Litoral Piauiense, Delta do Parnaíba, Piauí, Brasil, Iheringia, Série Botânica 72 (3), pp. 331-340 : 334-337

publication ID

https://doi.org/ 10.21826/2446-8231201772303

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https://treatment.plazi.org/id/0935BA0C-C005-5357-FF7A-84C3ED31FAF4

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Felipe

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Astrocaryum vulgare Mart. Hist. Nat. Palm.
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Astrocaryum vulgare Mart. Hist. Nat. Palm. View in CoL , 2: 74, 1824

Nome popular: Tucum.

( Figs. 1 A, B View Figs )

Estipe, 10-15 × 0,13-0,17 m, solitário ou em touceira, espinhos 9-11 cm compr., entrenós escuros. Folha, 2,5 m compr., 10-15 por estipe, suboposta, agrupada em feixes, lanceolada, armada, pinada, 80-118 pinas por lado, dispostas em diferentes planos, branca na superfície inferior e verde na superior, espinhos 8-10 cm compr.; bainha aberta, 15-18 cm compr.; pecíolo, 2-3 m compr., verde claro, espinescente na base. Inflorescência, monoica, interfoliar com ramificação simples, de até 1ª ordem; raque 60-90 cm compr., 115-121 ráquilas eretas, 41,6-60 cm compr.; bráctea peduncular revestida de espinhos pretos; espata lenhosa 90-93 cm compr. Flores, em tríades, femininas localizadas na base das ráquilas seguidas por duas flores masculinas localizadas do meio até a extremidade das ráquilas, sésseis, cíclicas, 0,5-1 cm compr.; cálice e corola trímeros, sépalas, 4-6 mm compr., pétalas, 5-8 mm compr., persistentes, valvar simples, actinomorfos, beges; pétalas envolvem quase que completamente o pistilo; gineceu 0,8- 1cm compr., sincárpico, estigma trífido e exposto acima da corola; ovário súpero, tricarpelar e trilocular, bege; 6 estames, livres, 3-4 mm compr., unidos à base da corola; anteras ditecas e dorsifixas, deiscência longitudinal. Fruto, drupa, disposto em cachos, obovoide, 4-4,5 × 2,8-3,5 cm, epicarpo liso, mesocarpo carnoso e fibroso, endocarpo rígido-lenhoso, coloração verde-escura e na maturidade de cor alaranjada. Semente, endosperma liquido, sólido na maturidade.

Material examinado: BRASIL, PIAUÍ, Luís Correia (Macapá), 01.VI.2014, fl. fr., R. S. Nascimento 38 (HDelta); Parnaíba (Floriópolis), 15.IX.2014, fl. fr., R. S. Nascimento 41 (HDelta); Ilha Grande (Porto dos Tatus), 02.XII.2011, fl. fr., R. S. Nascimento 25 (HDelta) .

Observações: Astrocaryum vulgare Mart. é uma palmeira nativa não endêmica do Brasil, de ampla distribuição, desde o Suriname ao Brasil, e está presente nas regiões Norte (Amapá, Pará, Tocantins), Nordeste (Maranhão) e Centro-oeste (Goiás) ( Leitman et al. 2015). Ocorre com maior frequência na Amazônia Oriental, onde está localizado um dos importantes centros de diversidade do gênero Astrocaryum ( Miranda et al. 2001). No Piauí podem ser encontradas em todo o litoral piauiense. Os indivíduos se apresentam em torcera, formando populações em áreas abertas, em solo arenoso. A espécie é facilmente identificada por apresentar estipe múltiplos com espinhos nos entrenós e por toda a planta (Miranda & Rabelo 2008).

A espécie na área de estudo é utilizada como alimentícia, pela produção de óleo vegetal extraído do fruto, e na confecção de artesanato, a partir da palha. Por possuir estipe duro e resistente, fornece matéria-prima para fabricação de mesas e diversos tipos de enfeites para decoração de casas. As folhas novas ainda fechadas fornecem fibras resistentes e finas, que são usadas para confecção de redes domésticas, de pesca e outros fins como o artesanato. A polpa do fruto é consumida de forma in natura ou usada para fazer licor e sorvetes. Segundo Miranda et al. (2001) a polpa além de muito saborosa é rica em β-caroteno e vitamina B 1. A amêndoa fornece um óleo branco de valor comercial que é utilizado como matéria-prima na preparação de cosméticos, sabões e medicamentos para tratamento de furúnculos e dor de dente. O endocarpo da semente é rígido-lenhoso e tem potencial para confecção de joias artesanais (Mirada & Rabelo 2008).

Copernicia prunifera (Miller) H. E. Moore. Gentes Herb. , 9: 242, 1963

Nome popular: Carnaúba

( Figs. 1 C, D View Figs )

Estipe, 15-20 × 0,20-0,25 m., solitário, reto, cilíndrico, espesso na base, remanescentes de bainhas. Folha, 1,5 m. compr., 40-60 por estipe, palmadas, verde esbranquiçada na superfície inferior e verde na superior, recoberta por pó cerífero; bainha aberta 20-30 cm compr.; pecíolo rígido, 1,5- 2 m. compr., cinza, espinhos pretos, curvados no ápice, 0,6-1 cm compr. nos bordos. Inflorescência, hermafrodita, interfoliar, ramificada ao nível de 3ª ordem, raque 2,5-3,6 m. compr., 6-7 ráquilas principais, fixadas na axila das folhas, dispostas em espigas, 35-74 ráquilas eretas, 8-15 cm compr.; 6-7 brácteas pedunculares, 18-26 cm compr.; Pedúnculo 65-70 × 3-3,5 cm, cor verde. Flores, em agrupamento, sésseis, cíclicas, monoclamídeas, estaminadas, 3,5-4 cm compr., amarela, unidas na base dos filamentos em uma cúpula; cálice trímero, persistente, actinomorfo, amarelo; ovário súpero; 5-6 estames, livres, 3-4 mm compr.; anteras bitecas e dorsifixas, deiscência longitudinal. Fruto, drupa, disposto em ráquilas, globoso-ovalados, 1,7-2,5 × 1,5-2 cm; epicarpo liso, mesocarpo carnoso 5-7 mm, endocarpo rígido, 1,3-1,9 × 0,9-1,2 cm, coloração verde oliva e na maturidade de cor roxo-escura ou escuro quando maduro. Semente, provida de albume branco, oleoso.

Material examinado: BRASIL, PIAUÍ, Cajueiro da Praia (Boa Vista), 26.VI.2014, fl. fr., R. S. Nascimento 37 (HDelta); Luís Correia (Macapá), 01.VI.2014, fl. fr., R. S. Nascimento 39 (HDelta); Parnaíba (Floriópolis), 19.IV.2015, fl. fr., R. S. Nascimento 42 (HDelta); Ilha Grande ( Canto do Igarapé ), 02.VIII.2012, fl. fr., R. S. Nascimento 36 (HDelta) .

Observações: a carnaúba é nativa e endêmica do Brasil, e típica da região Nordeste, sendo exclusiva da caatinga e cerrado. Ocorre na região Norte (Tocantins), Nordeste (Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Sergipe) e Centro-oeste (Mato Grosso) ( Leitman et al. 2015). No litoral piauiense pode ser encontrada em toda a sua extensão, em destaque para Ilha Grande de Santa Isabel e em área rural da cidade de Parnaíba, formando extensos e densos carnaubais. O município de Ilha Grande apresenta em 40% a presença de carnaubais ( Vieira & Loiola 2014).

A espécie é facilmente identificada por apresentar folhas palmadas em formato de leque, recoberta por uma camada de pó cerífero e um pecíolo rígido, apresentando nos bordos espinhos curvados no ápice com formato de unha de gato ( Crespo 2007, Dransfield et al. 2008).

A carnaubeira é uma palmeira bastante resistente, tanto à estiagem quanto às inundações, e encontra-se inserida em várias unidades geoambientais, ou geossistemas, em função das características fitoecológicas e dos condicionantes climáticos ( Gomes et al. 2006).

Somente no Nordeste, a carnaúba tem a capacidade de produzir o pó cerífero. Isso é possível devido às características específicas de solo e clima dessa região. A grande luminosidade durante quase todo o ano possibilita a carnaúba a produção desse pó, que submetido à fusão transforma-se em cera de carnaúba, produto de grande importância histórica, social e econômica, principalmente para os estados do Piauí e Ceará ( Crespo 2007).

Além da extração do pó cerífero, oriundo das folhas jovens, a carnaúba apresenta outras finalidades de suma importância, tanto ecológica como econômica, sendo aproveitada toda à planta, desde as raízes, como depurativas e diurética no tratamento de úlceras. As seções inferiores e superiores do caule são empregadas em construções rurais, como caibros, calhas, moirões e lenha. As folhas são utilizadas na cobertura de casas, as fibras oriundas das folhas novas, são empregadas na confecção de diversos utensílios artesanais, como, cestos, chapéus, vassouras, esteiras, cordas, redes dentre outros ( Gomes et al. 2006).

O fruto tem sabor adocicado sendo atrativo à aves e morcegos e animais domésticos, estão sendo utilizados em pesquisas para a produção de doces, geleias, biscoitos e outros itens alimentícios. As Sementes são utilizadas na produção artesanal de bijuterias ( Gomes et al. 2006, Crespo 2007).

Euterpe oleracea Mart. Hist. Nat. Palm. 2(2):29-31, f. 28-30. 1824.

Nome popular: acaí ou juçara

( Figs. 2 View Figs A-F)

Estipe, 10-20 × 10- 15 m., em touceiras, liso, cilíndrico, inerme; palmito verde-amarelo, 1–1,5 m compr. Folha, 2-3,5 m. compr., 8-10 por estipe, subposta, agrupada em feixes, pêndulas, pinadas, 50-60 pinas por lado, 30-70 cm compr., agrupadas e dispostas em um único plano, lanceolada, coriácea, verde em ambas as superfícies, extremidades pendentes; bainha fechada, 90 cm compr.; pecíolo 30cm compr., inerme, amarelo. Inflorescência hermafrodita, infra foliar, com ramificações simples, de até 1ª ordem; raque 30-35 cm compr., 60-65 ráquilas eretas, 50-60 cm compr.; bráctea peduncular lenhosa, 70-85 cm compr., inerme; pedúnculo 10-15 × 2-2,7 cm; de cor creme. Flores solitárias ou em agrupamentos monopodiais, 5-7 cm compr. estaminadas, sésseis, cíclicas, diclamídeas, localizadas na base da ráquis, violáceas, pistiladas; cálice e corola trímeros; sépalas 3-4 mm compr., coriáceas; pétalas 5 mm compr., coriáceas, diplostêmone, ovário súpero, tricarpelar e trilocular, 6 estames, 4-5 mm compr., livres unidos à base da corola; filetes 1,5-2,3 cm compr., achatados; antera 2,5-3 mm compr., dorsifixa, com deiscência longitudinal. Fruto, drupa, simples, monocárpico, globoso, indeiscente, 1,7-2 cm diâm., disposto por pêndulas em numerosas ráquilas, formando cachos, 2-3 cachos de frutos por planta; epicarpo liso; mesocarpo carnoso 3-5 cm; endocarpo endurecido, 1 mm diâm., verde, cor negro-violácea quando maduro. Semente provido de albume branco.

Material examinado: BRASIL, PIAUÍ, Ilha Grande (Porto dos Tatus), 08.II.2012, fl. fr., R. S. Nascimento 26 (HDelta) .

Observações: Euterpe oleracea Mart. é uma palmeira nativa da região norte do Brasil, ocorrendo nos Estados do Amapá, Pará, Tocantins, Amazonas. No Nordeste é encontrada no estado do Maranhão e Centro-oeste no estado de Goiás ( Leitman et al. 2015). Estende-se ainda às Guianas, Equador e à Venezuela, tendo como habitat predominante terrenos alagados e várzeas úmidas, como o estuário do Rio Amazonas, onde forma populações homogêneas de alta regeneração natural ( Martins et al. 1999). Para o litoral piauiense essa espécie é encontrada somente na cidade de Ilha Grande, fazendo fronteira com o Estado do Maranhão. Facilmente identificada por apresentar palmito de cor verde-amarelo na parte apical do estipe, flores solitárias ou em agrupamentos monopodiais.

De acordo com Oliveira & Muller (1998), o açaizeiro tem várias utilizações, tais como alimentação, produção de celulose, fabricação de casas, ração animal, arborização, medicina caseira e corante natural. Porém, seu potencial econômico está nos frutos e no palmito comercializado em conserva no mercado interno e externo (consumido a partir da década de 70 como substituto do palmiteiro). Pelo despolpamento do fruto, obtém o vinho do açaí, considerado um dos alimentos básicos da região amazônica, por ser essencialmente energético e possuir bom teor de minerais como cálcio e fósforo. Os frutos beneficiados servem de matéria-prima para fabricação de sorvetes e sucos concentrados. Estes subprodutos possuem boa aceitação no mercado nacional e internacional ( Miranda & Rabelo 2006).

Elaeis guineensis N. J. Jacquin. Select. Stirp. Amer. Hist. 280-282, pl. 172. 1763

Nome popular: Dendê

( Figs. 3 A, B View Figs )

Estipe, 10-18 × 20-35 m, solitário, reto, cilíndrico, com remanescentes de bainhas. Folha, 5-8 m compr., 56- 70 por estipe, subposta, espiraladas, arqueadas, pendula na extremidade, pinadas, 90-170 pinas por lado, 40-60 cm compr., agrupadas e dispostas em diferentes planos, lanceoladas, coriáceas, verde; bainha aberta, 20- 25 × 28- 30 cm; pecíolo, 1,5 m compr., verde-alaranjado, espinhos pretos 1-2 cm compr., alargados na base, inseridos em ambos os lados do pecíolo. Inflorescência, monoica, interfoliar, ramificações simples de até 1ª ordem; raque 27-29 cm compr.; 89-93 ráquilas, 10-15 cm compr.; bráctea peduncular não lenhosa, 25-30 cm compr., marrom-escuro; pedúnculo 17-25 × 3-4 cm, marrom. Flores, em agrupamentos monopodiais, unissexuais, com ciclos sucessivos, localizadas na base da ráquila, sésseis, cíclicas, 2-3 cm compr., diclamídeas; cálice e corola trímeros, protegidas por bráctea espinescente, 3,5-4,4 cm compr.; sépalas 1,5 cm compr.; pétalas, 1,5-2 cm compr., persistentes, actinomorfas, bege; gineceu sincárpico 1,3- 2 cm compr., estigma trífido e exposto acima da corola; ovário súpero, tricarpelar e trilocular, bege; 6 estames, 2-3 mm compr., agrupados na base da corola; anteras ditecas, 1,5-2 mm compr., dorsifixas, deiscência longitudinal; filetes de coloração escura. Fruto drupa, simples, monocárpicos, globoso-alongados, indeiscentes, 3,6-4 × 2,5-2,8 cm, agrupados na infrutescência, 3-4 infrutescência por planta; epicarpo liso, mesocarpo carnoso, endocarpo lenhoso, 2,2- 2,5 × 1,8-2 cm, coloração marrom-claro e na maturidade de cor negro-violácea. Semente, albume creme, oleoso.

Material examinado: BRASIL, PIAUÍ, Parnaíba (Floriópolis), 15.IX.2014, fl. fr., R. S. Nascimento 40 (HDelta); Ilha Grande (Porto dos Tatus, 07.VII.2012, fl. fr., R. S. Nascimento 28 (HDelta).

Observações: Elaeis guineensis N. J. Jacquin é uma planta de distribuição subespontânea, não endêmica, no Brasil tem distribuição somente na região Nordeste (Bahia, Pernambuco, Rio Grande do Norte) e Sudeste (Espírito Santo) ( Leitman et al. 2015).

Na área de estudo, a espécie é encontrada nos municípios de Parnaíba e Ilha Grande, desenvolvendo-se bem em áreas de solos com boa drenagem e fertilidade. A espécie é facilmente identificada por apresentar folhas longas, arqueadas com estipe de cor verde-alaranjado, apresentando espinhos curtos alargados na base, inseridos em ambos os lados do pecíolo ( Miranda & Rabelo 2006).

Desta palmeira é extraído o óleo de dendê no qual é aplicado na alimentação humana, da polpa do fruto obtémse a oleína, que tem emprego industrial e doméstico, e a estearina, utilizada diretamente como gordura industrial na confecção de bolos, biscoitos, bolachas e outros fins (Mirada & Rabelo 2005). É empregado também como excelente substituto de substâncias graxas, utilizado na confecção de sabão e sabonete. O pecíolo devidamente tratado fornece material para cestos, e a infrutescência após o tratamento, é usada na fabricação de vassouras.As folhas são empregadas para construção de abrigos provisórios. Na medicina é utilizado no tratamento de infecções, erisipelas e filarias (Mirada & Rabelo 2005).

R

Departamento de Geologia, Universidad de Chile

S

Department of Botany, Swedish Museum of Natural History

A

Harvard University - Arnold Arboretum

B

Botanischer Garten und Botanisches Museum Berlin-Dahlem, Zentraleinrichtung der Freien Universitaet

O

Botanical Museum - University of Oslo

É

Royal Botanic Garden Edinburgh

Kingdom

Plantae

Phylum

Tracheophyta

Class

Liliopsida

Order

Arecales

Family

Arecaceae

Genus

Astrocaryum

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