Orbignya martiniana Barb. Rodr. Palm. Mattogross.

Nascimento, Roberto dos Santos & de Andrade, Ivanilza Moreira, 2017, Arecaceae Bercht. & J. Presl. no Litoral Piauiense, Delta do Parnaíba, Piauí, Brasil, Iheringia, Série Botânica 72 (3), pp. 331-340 : 337-340

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https://doi.org/ 10.21826/2446-8231201772303

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Orbignya martiniana Barb. Rodr. Palm. Mattogross.
status

 

Orbignya martiniana Barb. Rodr. Palm. Mattogross. Nov.

pp. 68, 1898

Nome popular: Babaçu

( Fig. 3 E View Figs )

Estipe, 10-20 × 0,3-0,5 m., solitário, reto e cilíndrico,

com remanescentes de bainhas. Folha, 5-8 m compr., 15-20

por estipe, contemporâneas, espiraladas, arqueadas, pinadas, 145-240 pinas por lado, 70-90 cm compr., agrupadas e dispostas no mesmo plano, lanceolada, coriácea, verde-

escuro em ambas as superfícies, extremidades pendentes;

bainha aberta 60-90 cm compr.; pecíolo persistente e fibroso, 1-1,5 m compr., verde-acinzentado. Inflorescência, monoica, interfoliar, com ramificações simples, de até 1ª ordem; raque 1-2 m compr.; bráctea peduncular lenhosa, 1,8-2,5 m compr.; pedúnculo 70-90 cm compr., marrom; espata lanceolada, 2-2,5 m compr., acanoada. Flores, agrupadas na ráquis, estaminadas, sésseis, cíclicas, 3,5-4 cm compr., diclamídeas, localizadas na base da ráquis; cálice e corola trímeros, sépalas e pétalas coriáceas; sépalas 2,8-3,4 cm compr.; pétalas, 3-3,5 cm compr., persistentes, actinomorfos, creme-amarelada, diplostêmone; gineceu sincárpico, 2-2,5 cm compr., estigma trífido e exposto acima da corola; ovário súpero, Fruto, drupa, simples, monospérmico, globoso-elipsoidal, indeiscente, 5-8 × 4-6 cm, agrupados em cacho, 3-6 cachos de frutos por planta; epicarpo liso e resistente; mesocarpo fibroso, 0,5-1 cm, endocarpo rijo, lenhoso, 3-5 cm, amarelo e na maturidade de cor marrom-escuro quando maduro. Semente, 3-4 amêndoas por fruto, 2-3 × 1-2 cm.

Material examinado: BRASIL, PIAUÍ, Parnaíba (Catanduvas), 19.VI.2015, fl. fr., R. S. Nascimento 45 (HDelta) .

Observações: Orbignya martiniana é uma espécie endêmica do Brasil, nativa da região de transição entre o cerrado, a mata amazônica e o semiárido nordestino brasileiro (Machado 2006). Apresenta ampla distribuição ocupando grande parte do território nacional, abrangendo as regiões; Norte (Acre, Amazonas, Pará, Rondônia, Tocantins), Nordeste (Bahia, Ceará, Maranhão, Piauí), Centro-oeste (Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso) e Sudeste (Minas Gerais) ( Leitman et al. 2015). Na área de estudo esta espécie restringe-se a pequenas populações, desenvolvendo-se em áreas abertas no município de Parnaíba. A espécie é facilmente identificada por apresentar frutos com epicarpo muito resistente e endocarpo rijo, contendo de três a quatro amêndoas ( Cabral 2011).

A espécie é valorizada pela propriedade de produzir imensa diversidade de substâncias úteis, pois toda a planta é aproveitada e muitos subprodutos são obtidos. As amêndoas, também chamadas de castanhas são o principal componente do babaçu, fica na parte interna no endocarpo, e fornece uma manteiga vegetal de agradável paladar e de grande quantidade de nutrientes. Estas castanhas do coco podem ser consumidas na sua forma natural , além de serem fonte de um óleo rico em ácido láurico que é usado com várias finalidades: na alimentação humana, na produção de cosméticos, como lubrificantes e pode ser transformado em biodiesel, entre outras. A partir do mesocarpo pode ser fabricado a farinha de babaçu, é amplamente utilizada pela população maranhense para tratar feridas crônicas, colites duodenais, ulceras, artrite, cólicas menstruais, esgotamento nervoso, celulite, varizes e no tratamento de tumores, utilizada também dissolvida em água ou diretamente na comida, como suplemento alimentar ( Barroqueiro 2001, Carvalho 2003, Cabral 2011).

Dentre as cidades que compõem o litoral piauiense, Ilha Grande recebe destaque por apresentar maior diversidade, pois abrange quase todas as espécies de Palmeiras estudadas até momento para este litoral Brasileiro. Das espécies de Arecaceae , registradas para o litoral do Piauí, cinco foram registradas na cidade de Ilha Grande: Astrocaryum vulgare , Copernicia prunifera , Euterpe oleracea , Elaeis guineensis e Mauritia flexuosa . Copernicia prunifera e O. martiniana são as únicas endêmicas.

Astrocaryum vulgare , E. guineensis e E. oleracea são registros novos para o estado do Piauí. A. vulgare tem ampla distribuição em todo o litoral piauiense formando populações em áreas abertas da restinga, enquanto que a segunda está concentrada nas cidades de Parnaíba e Ilha Grande. A maioria da população do litoral piauiense desconhece E. oleracea , por ela ser encontrada somente no município de Ilha Grande, em área que faz divisa com Estado do Maranhão. A população de Ilha Grande pouco se beneficia dessa palmeira pelo fato de ser menos frequente na região, restringindo-se apenas na utilização dos frutos para a preparação de sucos.

AGRADECIMENTOS

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pela concessão de bolsa. A Maria Francilene Souza Silva e Maria Gracelia Nascimento Paiva pelo auxílio durante o desenvolvimento do projeto.

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R

Departamento de Geologia, Universidad de Chile

S

Department of Botany, Swedish Museum of Natural History

A

Harvard University - Arnold Arboretum

Kingdom

Plantae

Phylum

Tracheophyta

Class

Liliopsida

Order

Arecales

Family

Arecaceae

Genus

Orbignya

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