Metachirus nudicaudatus (É. Geoffroy, 1803)

Gatto-Almeida, Fernanda, Pontes, Jaqueline Santos, Sbalqueiro, Ives José, Hass, Iris, Tiepolo, Liliani Marilia & Quadros, Juliana, 2016, Diversidade, biogeografia, caracterização cariotípica e tricológica dos pequenos mamíferos não voadores do Parque Estadual Rio da Onça, Litoral Sul do Paraná, Papéis Avulsos de Zoologia 56 (7), pp. 69-96 : 81

publication ID

https://doi.org/ 10.11606/0031-1049.2016.56.07

persistent identifier

https://treatment.plazi.org/id/03F487D7-0654-FFF2-FF65-FD1FFB22F9C2

treatment provided by

Felipe

scientific name

Metachirus nudicaudatus (É. Geoffroy, 1803)
status

 

Metachirus nudicaudatus (É. Geoffroy, 1803) View in CoL

A análise tricológica de três indivíduos de Metahirus nudicaudatus revelou o padrão cuticular folidáceo estreito e o padrão de medula literáceo ( Fig. 7D View FIGURA 7 ), como descrito por Quadros & Monteiro- -Filho (2010).

A espécie não apresenta grande sensibilidade à fragmentação ou áreas antropizadas (rurais) (Pires et al., 2002; Olifiers et al., 2005), porém de acordo com Moura et al. (2005), a mesma seleciona negativamente locais com grande densidade vegetal próxima do solo ou que possuam obstruções na altura de 0- 0,5 m provavelmente por dificultar sua movimentação que é essencialmente terrestre (Vieira & Camargo, 2012). Essa restrição provavelmente resultou no registro único dessa espécie na área 1, que tinha alta densidade de espécies arbustivas na clareira.

No total M. nudicaudatus teve dezesseis registros de oito indivíduos, sendo a espécie de marsupial mais capturada neste estudo (Fig. 11). Dos oito indivíduos coletados quatro eram fêmeas, e quatro eram machos, com pesos variando de 250 a 370 g (n = 4). Um dos machos capturados, entretanto, registrou peso de 570 g no mês de novembro, peso acima da média registrada para machos ( Bergallo, 1994; Eisenberg & Redford, 1999).

Embora tenha ocorrido um grande número de recapturas, somente um indivíduo foi capturado em diferentes campanhas. Esse indivíduo, um macho, foi capturado em três áreas: primeiro em abril na área 1, depois em julho na área 3, depois foi novamente capturado na área 1 no mês de setembro, e por último foi registrado na área 2 em outubro. Por meio do método do polígono convexo mínimo (PCM) (Mohr, 1947; Schoener, 1981), foi estimada que a área de vida mínima desse indivíduo ( Fig. 12 View FIGURA 12 ) foi de 2.28 ha (~ 22.800 m ²), valor próximo ao encontrado por Bergallo (1994), para a espécie (1,72 ha). Porém, utilizando radio telemetria associado a esse mesmo método de PCM, Junior (2004) acompanhou uma fêmea dessa espécie por três noites e estimou sua área de vida como sendo de 8,4 ha. Baseado nesse trabalho e nas limitações do método (Worton, 1987) é provável que a área aqui registrada seja subestimada.

Esses registros evidenciam a grande capacidade de deslocamento (Pires et al., 2002; Pardini, 2004), e indicam ausência de territorialidade. Por outro lado, uma das fêmeas, foi solta na trilha, cerca de 200 m do local de onde foi capturada, e no dia seguinte foi novamente capturada a 10 m da mesma armadilha, indicando possível comportamento territorial, fidelidade ao local ou cuidado de ninho, já observado por Loretto et al. (2005).

A espécie Metachirus nudicaudatus pode ser confundida com Philander frenatus , outro didelfídeo com tamanho corporal parecido ( Eisenberg & Redford, 1999) e com o qual possui sobreposição de distribuição ( Melo & Sponchiado, 2012). Embora existam, características ecológicas como uso diferenciado de estratos e diferentes dietas que permitiriam a não sobreposição dos nichos ( Cáceres, 2004; Vieira & Camargo, 2012), existem evidências de que essas espécies podem apresentar competição interespecífica (Cerqueira, et al., 1993; Crouzeilles et al., 2010).

O presente estudo foi consistente com esses indícios uma vez que, a espécie Philander frenatus foi o segundo espécie de marsupial mais capturado no trabalho de Mochi-Jr. (2014), também realizado em Matinhos, e registrado em altitudes variando de 40 a 153 m, enquanto que nenhum registro dessa espécie foi feito no PERO, mesmo em estudos realizados anteriormente. Além disso, embora um indivíduo de M. nudicaudatus tenha sido capturado no trabalho de Mochi-Jr. (2014), o mesmo foi registrado em uma área de baixa altitude, de 32-44 m, onde P. frenatus não foi capturado, podendo indicar diferenças na ocupação dos habitats associadas com a altitude.

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