Phyllomedusa azurea Cope, 1862

Caramaschi, Ulisses, 2006, Redefinição Do Grupo De Phyllomedusa Hypochondrialis, Com Redescrição De P. Megacephala (Miranda-Ribeiro, 1926), Revalidação De P. Azurea Cope, 1862 E Descrição De Uma Nova Espécie (Amphibia, Anura, Hylidae), Arquivos do Museu Nacional 64 (2), pp. 159-179 : 162-166

publication ID

https://doi.org/ 10.5281/zenodo.2580059

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https://doi.org/10.5281/zenodo.4421901

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https://treatment.plazi.org/id/C20AE47D-FFB7-BF45-FF34-270DFEA5FB43

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Phyllomedusa azurea Cope, 1862
status

 

Phyllomedusa azurea Cope, 1862 , revalidada ( Figs.1-5 View Fig View Phqllomedusa )

Phyllomedusa azurea COPE, 1862 .

Pithecopus azureus View in CoL − COPE, 1866.

Phyllomedusa hypochondrialis azurea − MERTENS, 1926.

Pithecopus hypochondrialis azureus − B. LUTZ, 1966.

Tipos e localidade-tipo − C OPE (1862) não designou exemplares-tipo para a espécie, mas referiu-se a um exemplar “No. 5832”. COCHRAN (1961), no catálogo dos exemplares-tipo do United States National Museum, Washington, DC (USNM), referiu-se a um exemplar “Cotype: 5832, Paraguay, T. J. Page.” FROST (2004) citou esse exemplar como síntipo da espécie, mas informou que outros síntipos não são conhecidos. Com relação à localidade-tipo, COPE (1862) não mencionou q u a l q u e r i n f o r m a ç ã o e x p l í c i t a q u a n t o à proveniência do material estudado, mas FROST (2004) informou que a Expedição Page visitou muitas localidades atualmente no Brasil, nordeste da Argentina e sul do Paraguai, ao longo das drenagens dos rios Paraná e Paraguai. Entretanto, aqui considera-se a citação de COCHRAN (1961) de “P a r a g u a y” c o m o u m a r e s t r i ç ã o v á l i d a d a localidade-tipo da espécie.

Diagnose − Espécie pertencente ao grupo de P. hypochondrialis, caracterizada por: (1) tamanho médio para o grupo (CRC 31,2-43,3mm em machos, 42,4-44,4mm em fêmeas); (2) presença de uma faixa branca estreita no lábio superior, que não atinge a borda da pálpebra inferior e não é visível em aspecto dorsal da cabeça; (3) presença de barras verticais pretas sobre fundo vermelho-alaranjado n a s f a c e s o c u l t a s d o s f l a n c o s e m e m b r o s locomotores; (4) presença de uma faixa verde larga em todo o comprimento da face superior das coxas; (5) ausência de padrão de desenho reticulado nas pálpebras, lábios e faces inferiores do corpo e membros locomotores; (6) ausência de faixa esbranquiçada na lateral do corpo e na face posterior da tíbia.

Comparação com outras espécies − A presença de padrão de barras verticais pretas sobre fundo vermelho-alaranjado nas partes ocultas dos flancos e membros aproxima P. azurea de P. hypochondrialis, P. centralis e P. nordestina sp.nov. P h y l l o m e d u s a a z u r e a s e p a r a -s e d e P. hypochondrialis por possuir uma faixa branca estreita no lábio superior, que não atinge a borda da pálpebra inferior e não é visível em aspecto dorsal da cabeça (faixa branca larga, que atinge a borda da pálpebra inferior e é visível em vista dorsal da cabeça em P. hypochondrialis), discos adesivos pequenos, menores que o tímpano (discos adesivos grandes, maiores que o tímpano em P. hypochondrialis) e por possuir uma faixa verde larga em todo o comprimento da face superior da coxa (faixa verde estreita em apenas 2 / 3 a 3 / 4 d i s t a i s d a f a c e s u p e r i o r d a c o x a e m P. hypochondrialis). Distingue-se de P. centralis por possuir as barras pretas das partes ocultas dos flancos e membros bem definidas (barras menos definidas, tendendo a formar células em P. centralis), presença de uma faixa branca no lábio superior (ausente em P. centralis) e faixa verde larga em todo o comprimento da coxa (faixa estreita apenas nos 2 / 3 distais da coxa em P. centralis). Difere de P. nordestina sp.nov. pela presença de uma faixa branca no lábio superior (faixa branca ausente ou muito estreita em P. nordestina sp.nov.), maior número de faixas pretas, mais estreitas, nas partes ocultas dos flancos e membros (menor número de faixas pretas, mais largas, em P. nordestina sp.nov.), perfil do focinho arredondado em vista dorsal (truncado em P. nordestina sp.nov.) e em vista lateral (oblíquo em P. nordestina sp.nov.), e tubérculos subarticulares palmares e plantares maiores e em menor número (menores e mais n u m e r o s o s e m P. n o r d e s t i n a s p. n o v.). Phyllomedusa azurea distingue-se de P. ayeaye, P. megacephala e P. oreades por apresentar padrão de faixas ou barras pretas sobre fundo vermelhoalaranjado nas partes ocultas dos flancos e membros (padrão formado por células vermelhoalaranjado contornadas de preto naquelas espécies), por não possuir desenho reticulado nos

lábios superior e inferior, pálpebras e faces inferiores do corpo e membros (reticulado presente nos lábios, pálpebras e faces inferiores do corpo e membros de P. ayeaye, no lábio inferior, pálpebras e faces inferiores dos membros de P. oreades e na pálpebra inferior de P. megacephala) e por possuir uma faixa verde larga em todo o comprimento da face superior da coxa (faixa verde estreita apenas no terço distal da face superior da coxa naquelas espécies). O padrão de barras pretas sobre fundo vermelho-alaranjado na região ingüinal e partes ocultas dos membros, ausência de uma faixa esbranquiçada na lateral do corpo e ausência de uma faixa esbranquiçada na face posterior da tíbia de P. azurea a separam de P. palliata (padrão de manchas irregulares pretas sobre fundo vermelhoalaranjado e presença de uma faixa lateral e de uma faixa na face posterior da tíbia esbranquiçadas em P. palliata). O padrão de barras pretas sobre fundo vermelho-alaranjado na região ingüinal e partes ocultas dos membros e a ausência de uma faixa lateral esbranquiçada em P. azurea a distinguem de P. rohdei (padrão de manchas e faixas arroxeadas pouco definidas e presença de faixa lateral esbranquiçada nesta espécie).

Descrição − Aspecto robusto ( Fig.1 View Fig ); cabeça mais larga que longa, largura da cabeça cabendo cerca de 3,5 vezes no CRC; focinho arredondado em vistas dorsal e lateral ( Figs.2-3 View Phqllomedusa ); narinas pequenas, subcantais, dirigidas lateralmente, mais próximas da ponta do focinho que dos olhos; distância internasal maior que a distância narina-olho, largura da pálpebra superior e diâmetro do tímpano, mas menor que o diâmetro do olho e o espaço interorbital; canto rostral distinto, arredondado; região loreal vertical, ligeiramente côncava; lábios não espessados; olhos grandes, moderadamente protuberantes; espaço interorbital plano; cristas cefálicas ausentes; tímpano pequeno, aproximadamente circular; diâmetro do tímpano pouco maior que metade do diâmetro do olho; fraca prega dérmica supratimpânica presente; glândulas parotóides e saco vocal indistintos; língua longa, piriforme, inteira, extensivamente livre, não entalhada atrás; dentes vomerianos ausentes; coanas pequenas, amplamente separadas.

B r a ç o s r o b u s t o s; a n t e b r a ç o s l i g e i r a m e n t e hipertrofiados, sem cristas. Mão ( Fig.4 View Phqllomedusa ) com tubérculo palmar grande, aproximadamente circular; dedos robustos, não palmados, não f i m b r i a d o s, c o m d i s c o s a p i c a i s p o u c o desenvolvidos, menores que o tímpano; dedo I espessado na base, em oposição aos outros dedos; almofada de asperezas nupciais córneas evidente nos machos, dorsalmente visível na base do dedo I; tubérculos subarticulares e supranumerários únicos, grandes, arredondados.

P e r n a s c u r t a s, m o d e r a d a m e n t e r o b u s t a s; comprimento da coxa ligeiramente menor que o comprimento da tíbia e ambos menores que o comprimento do tarso-pé; soma dos comprimentos da coxa e da tíbia próximo de 80% do CRC; calcanhar atinge o tímpano quando a perna é adpressa ao corpo; calcanhares se sobrepõem quando as pernas são flexionadas em ângulo reto em relação ao corpo; apêndice calcar e prega tarsal ausentes; tubérculo metatarsal interno grande, circular; tubérculo metatarsal externo ausente. Pé ( Fig.5 View Phqllomedusa ) com artelhos robustos, não palmados, não fimbriados, com discos adesivos apicais pouco desenvolvidos, menores que o tímpano; artelhos I e I I e m o p o s i ç ã o a o s d e m a i s; t u b é r c u l o s subarticulares e supranumerários únicos, grandes, arredondados.

Pele do dorso lisa; região gular e superfícies ventrais do corpo e membros, rugosa; região cloacal moderadamente glandulosa; abertura cloacal não modificada.

Colorido − Em vida, dorso da cabeça e do corpo, verde; região loreal verde; maxilar com faixa branca estreita, que não atinge a borda da pálpebra inferior; ausência de areolado preto no maxilar; pálpebra inferior brancacenta, sem areolado preto. Uma linha branca dorsolateral, delimitando o verde do dorso, do canto da boca à virilha; abaixo dessa linha branca há uma linha preta, do canto da boca até o início do terço posterior do corpo, delimitando sua face ventral. Região ingüinal vermelhoalaranjado, com barras verticais pretas bem definidas. Braço vermelho-alaranjado com barras transversais pretas; face dorsal do braço sem faixa verde; face ventral brancacenta. Antebraço com face a n t e r i o r v e r m e l h o - a l a r a n j a d o c o m b a r r a s transversais pretas; face dorsal verde, desde o cotovelo, todo o antebraço, metade externa do dorso da mão, dedo IV até próximo à base do disco adesivo e base do dedo III; metade dorsal interna da mão e dedos I e II, vermelho-alaranjado; na linha dorsolateral do antebraço, uma linha branca do cotovelo até a base do disco adesivo do dedo IV; abaixo dessa linha branca há uma faixa cinzaescuro, com tubérculos brancos; face ventral do antebraço e palma da mão, amarelo-avermelhado. Faces anterior e posterior da coxa vermelhoalaranjado, com barras verticais pretas bem definidas; face dorsal com uma faixa verde larga, sendo que esse colorido se inicia no dorso, passa pela coxa, cobre o joelho, continua pela face dorsal da tíbia, cobre o calcanhar, segue pela face dorsolateral posterior do tarso e pé, até cerca da metade do artelho V e a base do artelho IV; face ventral da coxa amarelo-avermelhado. Faces interna e inferior da tíbia vermelho-alaranjado com barras verticais pretas bem definidas; linha dorsolateral da tíbia com uma linha branca em cima de uma outra linha preta, ambas contornado o joelho e indo até a articulação interna tíbio-tarsal. Face interna do tarso, pé e artelhos I, II e III, vermelho-alaranjado, com barras verticais pretas bem definidas; linha externa do tarso com uma linha branca acima e uma linha preta abaixo, que contornam o calcanhar, seguem pelo tarso, pé e atingem a base do disco adesivo do artelho V; face ventral do tarso e pé cinza-escuro com manchas irregulares avermelhadas. Regiões gular, peitoral e abdominal, amarelo-avermelhado; borda da mandíbula sem areolado preto, mas delimitada inferiormente por uma linha preta. Região cloacal cinza, delimitada superiormente por curta linha branca em cima de outra preta. Íris prateada, com fino vermiculado preto.

Em preservativo, as partes verdes em vida tornamse azul-esverdeado e as partes vermelho-alaranjado e amarelo-avermelhado tornam-se creme ou esbranquiçadas. Linhas pretas e brancas, bem como as barras pretas, mantêm-se inalteradas.

Variação − Os exemplares examinados são congruentes quanto aos caracteres morfológicos e colorido. Machos são ligeiramente menores que as fêmeas. Amplitude, média e desvio-padrão das medidas de machos e fêmeas são apresentadas na tabela 1 View TABELA 1 .

Girino − O desenvolvimento embrionário e larvário foi detalhadamente descrito por BUDGETT (1899), com base em material obtido no Paraguai e referido como pertencente a P. hypochondrialis. O girino foi também descrito e figurado por CEI (1980), com base em exemplares de Santa Fe, Argentina, referido como P. hypochondrialis azurea.

Distribuição geográfica − Áreas de influência chaquenha na Bolívia (Províncias Beni e Santa Cruz; DE LA R IVA et al., 2000), Paraguai e norte da Argentina (Provincias Salta, leste de Jujuy, Formosa, Chaco, norte de Santiago del Estero, Santa Fe e Corrientes; CEI, 1980) e áreas de influência das regiões do pantanal e cerrados no Brasil Central (Estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Goiás, Distrito Federal e Minas Gerais) ( Fig.6 View Fig ).

Comentários − A combinação Phyllomedusa azurea foi usada por NORMAN (1994), que apresentou notas sobre a morfologia, habitat, hábitos e reprodução da espécie com base em exemplares do Paraguai. Entretanto, nada comentou sobre sua taxonomia, nem apresentou justificativa para utilização daquela combinação. Segundo DE LA RIVA et al. (2000), P. hypochondrialis azurea Cope, 1862, aqui reconhecida como espécie plena, parece possuir distribuição disjunta da subespécie nominal e, pelo menos no que diz respeito às populações bolivianas, necessitaria ser estudada quanto a variação e posição taxonômica.

TABELA 1. Amplitude, média (χ) e desvio-padrão (DP) das medidas de Phqllomedusa azurea (n, número de exemplares).

CARACTERES (n = 30)   (n = 6)  
  Amplitude DP Amplitude DP
CRC 31,2-43,3 37,7 2,84 42,4-44,4 43,1 0,68
CC 8,6-10,9 10,0 0,54 10,5-12,0 11,3 0,56
LC 9,2-12,1 11,0 0,69 11,4-12,8 12,1 0,55
DIN 2,7-4,1 3,4 0,31 3,4-4,1 3,8 0,25
DNO 2,2-3,0 2,6 0,20 2,6-3,1 2,7 0,19
DO 3,3-4,3 3,8 0,22 3,8-4,3 4,1 0,17
LPS 2,1-3,4 2,8 0,27 2,6-3,2 3,0 0,22
DIO 3,5-4,5 4,0 0,26 4,0-4,8 4,5 0,32
DT 1,5-2,2 1,9 0,19 2,0-2,6 2,3 0,21
CCX 12,9-16,8 15,1 0,94 15,5-17,4 16,4 0,64
CTB 13,0-17,3 15,0 1,01 15,9-17,8 16,6 0,65
CTP 18,9-25,1 22,3 1,33 24,0-25,9 25,1 0,69

Kingdom

Animalia

Phylum

Chordata

Class

Amphibia

Order

Anura

Family

Hylidae

Genus

Phyllomedusa

Loc

Phyllomedusa azurea Cope, 1862

Caramaschi, Ulisses 2006
2006
Loc

Pithecopus hypochondrialis azureus

Cope 1862
1862
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