Cavia fulgida

Ferigolo, Jorge, 2012, Descrição Do Sincrânio De Cavia Aperea (Rodentia, Caviidae) E Comparação Com As Demais Espécies Do Gênero No Brasil, Papéis Avulsos de Zoologia 52 (3), pp. 21-50 : 46-47

publication ID

https://doi.org/ 10.1590/S0031-10492012000300001

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https://treatment.plazi.org/id/0A2D87A7-FFC9-FD76-7EA1-6C3B695553DC

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Felipe

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Cavia fulgida
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Cavia fulgida distingue-se de C. magna e C. intermedia por seu tamanho menor, apófises paraoccipitais curtas e curvas, acompanhando o contorno ventral da bula, forâmen infra-orbital deprimido, fenda terciária externa (fte) nos molariformes superiores mais profunda e prolongamento posterior ao segundo prisma do M3 muito pequeno. No entanto, estes caracteres são pouco úteis para distingui-la de C. aperea , mesmo no caso da fte, como discutido a seguir.

Thomas (1917) apontou que uma fte profunda no M3 é um caráter craniano diagnóstico de C. fulgida , e que isto definitiva e nitidamente separa a menor espécie brasileira das outras espécies de Cavia . Thomas (1917) registrou que este caráter já havia sido notado por Lund em 1838. O dente ilustrado por Lund (ver Lund, 1950: pl. xxv, fig. 15) apresenta, ainda, outro caráter distinto: o istmo que une os dois prismas é demasiadamente largo, muito diferente do padrão do gênero, no qual este istmo é muito estreito ( Kraglievich, 1930). Somente o estudo direto do exemplar de Lund poderá determinar se a lagura do istmo é real ou um lapso do desenhista.

Em relação à fte no M3, Ximenez (1980) notou que, em alguns exemplares de C. aperea , ela é um pouco mais profunda do que o usual para esta espécie, citando como exemplo um espécimen (AX 8566) de Morro Reuter, Rio Grande do Sul. Se julgado apenas com base neste caráter, este espécimen poderia ser determinado como C. fulgida com a fte pouco evidenciada.

Exemplares de Cavia procedentes do estado de Santa Catarina (listados em Cherem et al., 1999, 2004; Cherem, 2005) têm sido determinados como C. fulgida ou C. aperea com base na profundidade da fte. Aqueles em que a fte é profunda, em maior grau do que em AX 8566, foram determinados como C. fulgida . No entanto, todos esses exemplares de Santa Catarina apresentam coloração dorsal mais próxima daquela citada para C. a. pamparum e não a coloração ferrugínea típica de C. fulgida . Ximenez (1980) também registrou essas características (fte profunda, mas coloração dorsal amarelo oliváceo mesclado com negro) para os exemplares de Cavia procedentes de Roça Nova, estado do Paraná, identificando-os como C. fulgida . Uma avaliação mais aprofundada da morfologia desses exemplares do sul do Brasil, juntamente com dados moleculares, faz-se necessária para a determinação da espécie a que pertencem.

Considerações finais

A avaliação de caracteres anatômicos com base em uma grande amostra é uma tarefa fundamental para a compreensão dos limites da variação dentro de uma espécie e para o estabelecimento de caracteres ou conjuntos de caracteres diagnósticos. O presente trabalho representa um primeiro passo neste sentido para Cavia aperea ao descrever a anatomia sincraniana com base em 63 exemplares procedentes do estado do Rio Grande do Sul. A comparação dos resultados desta análise com populações de C. aperea de outras regiões será importante para a compreensão da variação morfológica da espécie ao longo de sua ampla distribuição, tendo em vista a variação em forma de clina quanto ao tamanho e coloração apontada por Ximenez (1980).

A padronização da nomenclatura anatômica é também parte importante neste processo. No presente estudo sobre as espécies brasileiras de Cavia buscou-se, na medida do possível, conciliar os diferentes nomes anatômicos aplicados em estudos médico-veterinários de Cavia porcellus , em particular o de Popesko et al. (1992), àqueles empregados em trabalhos biológicos e paleontológicos, como os de Wahlert (1985) e Aguirre (1989). Estudos sobre os nervos e vasos das espécies de Cavia são ainda necessários para estabelecer os nomes apropriados das aberturas cranianas pelas quais eles passam, como, por exemplo, em relação a algumas aberturas do basicrânio e à hipótese levantada no presente estudo de que o canal para o nervo nasal interno (sensu Popesko et al., 1992) corresponde ao forâmen esfenopalatino dos roedores em geral (sensu Wahlert, 1985).

Quanto à identificação das espécies, caracteres cranianos e dentários permitem identificar com segurança C. magna e C. intermedia . No entanto, a distinção entre C. aperea e C. fulgida , particularmente para aqueles exemplares do sul do Brasil com coloração da pelagem similar à C. aperea , mas com a fenda terciária externa (fte) profunda, caráter dentário que seria típico de C. fulgida , requer estudos adicionais. Neste caso, estudos morfológicos e moleculares conduzidos em conjunto serão necessários para uma melhor compreensão deste problema, bem como para a revisão do gênero como um todo.

Kingdom

Animalia

Phylum

Chordata

Class

Mammalia

Order

Rodentia

Family

Caviidae

Genus

Cavia

Kingdom

Animalia

Phylum

Chordata

Class

Mammalia

Order

Rodentia

Family

Caviidae

Genus

Cavia

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