Scleria gaertneri Raddi, Accad. Lucchese Sci., Lett.

Silva, Caio Lima Braga da, Nunes, Clebiana de Sá, Schneider, Layla Jamylle Costa, Silva, Juliene de Fátima Maciel da, Alves, Karina de Nazaré Lima, Conde, Maíra Luciana Guimarães, Fernandes-Junior, Aluisio José & Gil, André dos Santos Bragança, 2021, Cyperaceae nos campos de natureza de Cametá, Pará, Amazônia, Brasil, Iheringia, Série Botânica (e 2021005) 76, pp. 1-42 : 37-38

11.3 Scleria gaertneri Raddi, Accad. Lucchese Sci., Lett. ed. Arti 2: 331. 1823.

( Fig. 7 G )

Ervas monoicas, perenes, cespitosas, ca. 40 cm alt., rizomas não moliniformes. Bainhas 3,3-13 cm compr., membranáceas a papiráceas, aladas, violáceas a castanhas; lígulas ausentes; contralígulas 3-6 mm compr., agudas; apêndices membranáceos ausentes; lâminas foliares 21-24,1 x 0,5-0,6 cm, lineares, papiráceas, margens escabrosas, ápice inteiro. Escapos 19-26,5 x 2,5-3 mm, glabrescentes a glabros, ângulos escabrosos. Brácteas involucrais 8,4-20,5 x 0,2-0,5 cm, foliáceas. Inflorescências paniculiformes. Espiguetas estaminadas 3-4,2 x 0,7-1,5 mm, teretes a estreito-elipsoides, pediceladas a subsésseis, flores 14-16; glumas 3,4-3,9 x 0,6-1,8 mm, subdísticas, ovais a lineares, papiráceas ou membranáceas, face abaxial glabrescente a glabra, castanhas a castanho-rubescentes com máculas grenás, carenas não evidentes, margens cilioladas, ápice agudo ou mucronulado; estame 1 por flor. Espiguetas subandróginas 3,2-3,8 x 1,1-1,2 mm, elipsoides, sésseis; glumas 3,5-4,4 x 0,8-3,1 mm, subdísticas, ovais a elípticas, papiráceas, face abaxial pubérula a glabrescente, castanhas, carenas não evidentes, margens cilioladas ou glabras, ápice agudo. Cúpulas persistentes nas espiguetas, não encobrindo os hipogínios, margem glabra. Hipogínios trilobados, lobos semicirculares. Núculas 1,6-2 x ca. 2 mm, subglobosas, superfície lisa, com alguns feixes de tricomas próximos ao hipogínio, enegrecidas, base não porada. Estilopódio ausente.

Conta com registros do Sul do México a América Tropical, África Tropical e Madagascar ( WCSP 2018). No Brasil ocorre em todos os estados e no Distrito Federal ( Flora do Brasil 2020 em construção, 2020). Nos campos de natureza de Cametá a espécie é encontrada nas beiras de estradas, em ambientes antropizados, em solos arenoso-humosos.

Scleria gaertneri pode ser determinada pelas bainhas aladas, inflorescências paniculiformes, com espiguetas estaminadas e subandróginas, núculas subglobosas, lisas, com alguns feixes de tricomas próximos ao hipogínio, e esse trilobado, com lobos semicirculares. Observando materiais de outras localidades foi possível notar uma variação de coloração da núcula, que pode ser ou totalmente alva (podendo haver máculas roxas), ou totalmente enegrecido. Em herbários, por vezes, pode ser confundida com S. flagellum-nigrorum P. J. Bergius (não registrada na área de estudo), possivelmente pelo hipogínio trilobado e núculas subglobosas, lisas, alvas com máculas enegrecidas. Todavia S. flagellum-nigrorum tem hábito escandente e 3 estames por flor (vs. hábito ereto e 1 estame em S. gaertneri ).

Material examinado: BRASIL, PARÁ, Cametá, Estrada Cametá-Limoeiro, ca. 28 km do Centro Universitário de Cametá , 05.VII.2017 , A. J. Fernandes-Júnior et al. 610 ( MG); Sede Municipal, estrada Cametá-Ajurú, ca. 8 km da cidade, 04.VII.2017 , C. L. Braga-Silva et al. 125 ( MG) .

Figures

Figura 7. A-M. Vista lateral das núculas: A. Rhynchospora rugosa, com cerdas perigoniais evidentes (A. J. Fernandes-Júnior et al. 605 – MG); B. R. spruceana (C. L. Braga-Silva et al. 141 - MG); C. R. tenerrima (C. L. Braga-Silva et al. 36 - MG) D. R. aff. tenuis (C. A. S. Silva & F. F. N. S. Lara 661 - MG); E. Scleria amazonica, com hipogínio evidente (C. L. Braga-Silva et al. 162 - MG); F. S. cyperina, com hipogínio evidente (C. L. Braga-Silva et al. 164 - MG); G. S. gaertneri, com hipogínio evidente (C. L. Braga-Silva et al. 125 - MG); H. S. macrophylla, com cúpula evidente (C. L. Braga-Silva et al. 135 - MG); I. S. microcarpa, com cúpula evidente (C. L. Braga-Silva et al. 107 - MG); J. S. mitis, com cúpula evidente (C. L. Braga-Silva et al. 134 - MG); K. S. reticularis, com hipogínio evidente (A. Gil et al. 792 - MG); L. S. tenella (C. A. S. Silva 704 – MG); M. S. violacea, com hipogínio evidente (C. L. Braga-Silva et al. 157 - MG).